Garimpando a net acabei encontrando este conto, que achei maior fofo, então compartilho.
A SERPENTE MÁGICA
Certa vez, percorrendo os caminhos de uma antiga cidade, um homem encontrou uma serpente. Ele naturalmente demonstrou temor. Enquanto o animal sibilava e enroscava-se no ar, mostrando seu poder, o homem cobria-se de pavor, embranquecia e sentia o sangue gelar nas veias.
Vendo que o estranho não reagia, o bicho recolheu o bote e afastou-se lentamente. Com vergonha da própria covardia, o homem saiu a gritar pela cidade, contando que naquela estrada se escondia uma enorme serpente mágica, que encantava e hipnotizava as pessoas com seu olhar, enquanto preparava o bote para devorá-las inteiras, com um só golpe.
---Um enorme bicho!- gritava o homem atordoado, --- Um monstro horrendo tentou me devorar! --- Socorro!
Logo os moradores da cidade o tinham cercado e acudiam com inúmeras perguntas. E aos poucos o homem foi inventando
A história mais fabulosa que a população daquela cidade já ouvira. Relatou o aspecto horrendo do monstro e contou detalhadamente sobre a forma como ele –homem muito corajoso- havia enfrentado o monstro, pondo-o a correr. Mas alertou severamente que ninguém chegasse perto do local onde a serpente fora vista. Ele, porque era um herói de incomum coragem, havia conseguido fugir, mas pessoas normais morreriam de susto antes de serem hipnotizadas pela serpente, tal era horrenda a sua figura.
Logo o caso espalhou-se por toda a cidade e virou lenda. Foram criados novos caminhos para que a população desviasse a passagem daquele local. E ninguém mais chegou a ver a serpente, cuja fama e poder cresciam a cada vez que se contavam histórias a seu respeito.
Um dia, porém, um menino novo na cidade resolveu conhecer suas ruas. Sem pedir permissão, saiu a conhecer cada local da cidade. Logo ele chegou à estrada onde morava a serpente e por ironia, resolveu que ali mesmo iria descansar. Tirou do enbornal o lanche que trouxera e sentou-se na beira da estrada a cantarolar.
Não tardou a chegar à serpente, arrastando-se pelo chão da mesma forma que fizera outrora ao avistar o homem. Curiosa, a cobra foi-se chegando ao menino e quando este a viu já estava pronta para tentar o bote e picá-lo.
Na sua ingenuidade, o pequeno não viu mal no bicho. Achou-o lindo, até, com seu matiz de verde, vermelho e ouro. E instintivamente estendeu a mão a oferecer-lhe a partilha do alimento. Foi um instante único, em que os olhares se cruzaram. A serpente entendeu o gesto do garoto e desfez o bote, acomodando-se ao seu lado.
A ternura chegou ao ponto extremo entre os dois seres e quando a população da cidade horrorizada pelo sumiço do menino encontrou os dois na estrada, a cena era comovente. Com a mão estendida o garoto alisava o couro do bicho, todo enrolado entre seus pés. Com a outra mão, estendia-lhe o alimento enquanto lhe contava histórias que conhecia.
A população assustou-se de início e depois compreendeu a situação. A pobre serpente só buscava alimento e ao deparar-se com a inocência do menino, sobrepujou seus intuitos instintivos e acalmou-se. Por fim, desfazia-se o perigo, concedendo uma lição aos moradores. O perigo só existia onde nossos olhos o enxergam, não há inimigos mais fortes que a lição do amor e da amizade.
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